Agosto Lilás: Seplag-CE realiza formação técnica sobre desigualdade de gênero

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Dados do Relatório de Transparência Salarial divulgados neste ano pelo governo federal mostram que as mulheres brasileiras ganham, em média, 19,4% a menos que os homens. Mas as desigualdades entre os gêneros não param por aí. Enquanto as mulheres dedicam 21,3 horas semanais aos afazeres domésticos e/ou cuidado de pessoas, os homens gastam apenas 11,7 horas, mostra estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os números retratam a desigualdade estrutural existente no Brasil, cenário que se reflete em diversas faces da sociedade e que demonstram a urgência de mudança de cultura e políticas públicas para a promoção da igualdade de gêneros por meio da equidade. Esses foram alguns dos pontos destacados pela secretária executiva de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher da Secretaria das Mulheres, Raquel Andrade, durante evento realizado nesta quinta-feira (8) para os agentes públicos da Secretaria do Planejamento e Gestão do Ceará (Seplag-CE).

Ao abrir a formação técnica “Violência de gênero: identificação, impactos e ações de enfrentamento”, que ocorreu dentro da programação da Seplag-CE em alusão à campanha Agosto Lilás – mês de conscientização e combate à violência contra a mulher, o secretário executivo de Planejamento e Gestão Interna da Secretaria, Roziano Linhares, ressaltou que a Pasta está empenhada em promover ações de igualdade e equidade entre os gêneros, além de combater qualquer tipo de discriminação. “Esta é uma pauta muito importante. É indiscutível o papel da mulher nas mais diversas esferas da sociedade. A Seplag apoia e participa ativamente de todas as campanhas que contribuam para ampliar o debate sobre questões sensíveis e relevantes para a sociedade, elevar o nível de consciência dos cidadãos e, assim, fomentar a construção de um Ceará cada vez mais evoluído”, disse.

De acordo com a palestrante Raquel Andrade, além das desigualdades salariais e do desequilíbrio nas atividades domésticas, as mulheres também enfrentam outras situações de desigualdade, como o atraso na carreira acadêmica, sobretudo no caso das que exercem a maternidade ou parentalidade, e a distorção no mercado consumidor diante da chamada “taxa rosa”, cobrança maior embutida nos preços de produtos semelhantes aos utilizados pelos homens, mas que são feminilizados, como itens de higiene e cuidados pessoais.

“Essa é uma questão estrutural, de construção de valores sociais. Foi-se o tempo em que falar sobre políticas para mulheres era presenteá-las com flores ou chocolates. Essa visão de que o lugar das mulheres nas instituições se resume às problemáticas da feminilidade é algo que está para outro campo. É necessário ampliar os horizontes e ressignificar essa perspectiva. Essa é uma discussão que perpassa todos os locais nos quais exercemos os papéis de gênero, incluindo o ambiente profissional”, afirmou Raquel Andrade, lembrando que o debate sobre essas questões tem ganhado cada vez mais força em todo o mundo.

A palestrante explicou a diferença entre igualdade e equidade, reforçando a importância desses conceitos para a construção de um ambiente social mais equilibrado. A igualdade é baseada no princípio da universalidade, todos com os mesmo direitos e deveres, por exemplo. Por outro lado, a equidade reconhece as diferenças existentes e busca ajustar os desequilíbrios. “Equidade nem sempre é igualdade material. Para que essa igualdade seja materializada, precisamos implementar iniciativas de equidade para equalizar o que está desequilibrado”, afirmou.

Além de impactar a dignidade, a saúde mental e a produtividade das mulheres, a violência de gênero nas instituições também afeta diretamente o desempenho das organizações, destacou a palestrante. “Alimentar uma cultura organizacional ou se omitir em um ambiente no qual o assédio moral, o assédio sexual e a falta de equidade de gênero é algo naturalizado dá prejuízo. Impacta profundamente nas performances pessoal, institucional e coletiva. Também por isso, esse tema tem sido objeto de grandes estudos. Os gestores responsáveis e comprometidos estão preocupados em como isso afeta a cultura organizacional”, disse Andrade, acrescentando que “a dignidade profissional das mulheres é promovida por meio de iniciativas para equidade de gênero e prevenção às várias formas de violência dentro das instituições assédio”.

Engajamento coletivo

A secretária executiva de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher da Secretaria das Mulheres reforçou ainda a importância do engajamento de todos – mulheres e homens – no combate à desigualdade de gênero. “Por que é importante que os homens estejam conosco nessa ofensiva contra a desigualdade de gênero? Porque precisamos de aliados que, nesse processo, são os maiores beneficiados com a desigualdade. Além disso, infelizmente, nós mulheres também reproduzimos o machismo e as práticas discriminatórias. Nós temos que fazer a nossa parte. É preciso ter a empatia de aplicar na convivência com outras mulheres aquilo que a gente queria que fosse aplicado a nós”, declarou.

Programação

A programação da Seplag-CE em alusão à campanha Agosto Lilás está sendo capitaneada pela Coordenadoria de Desenvolvimento e Gestão de Pessoas (CGDEP). Além da formação desta quinta-feira, serão realizados outros eventos ao longo do mês. No próximo dia 19, haverá uma roda de conversa sobre a Lei Maria da Penha. Já no dia 30, ocorrerá a roda de conversa “Eles falando sobre machismo”. Confira abaixo a programação completa.

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